terça-feira, 22 de março de 2011

Escuta essa



Crise de meia idade deve ser um negócio complicado. O sujeito que completa sua primeira metade de século, se ve confrontado com a morte, através do irmão que luta contra um câncer na garganta. Irmão aquele que foi amaldiçoado anos atrás por esse mesmo sujeito de meia idade. Remorso.Se ve confrontado com a finitude da vida, a brevidade da própria existência, ve que ter acumulado bens materias em detrimento de boas relações com aqueles do mesmo sangue não foi a melhor coisa  a se fazer. Agora o sujeito tem que se haver com a angústia. Angústia essa que aperta o peito, doi no coração, e doi pra valer. Aquele cara que se faz de durão sempre se encontra com os olhos em lágrimas, falando manso, suave, quase nao se ouve sua voz, está debilitada, assim como seu espírito, confrotado com as verdades desse mundo. Ele chora na frente do seu filho, não é fácil demonstrar fraqueza diante do seu descendente, é no mínimo embaraçoso, mas ele está sob o efeito do álcool, maldito álcool. Mundo, maldito mundo, o que ele fez com você? A vida continua, se entregar é uma bobagem. É preciso se reinventar sempre. Reiventar. Outro caminho. Outra postura. Ressignificar o passado. Afinal, “O importante não é o que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós” Sartre.

Por Fabio Silva

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