segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Confissão


Confissões de Um Terapeuta
Vânia Crelier

 Eu, terapeuta, confesso.
(entre três paredes e uma janela de verde)
que ando cheia de perguntas
sem respostas.

 Eu, terapeuta, confesso.
que as vezes fico cansada
quero apenas deitar ao sol
ou namorar a lua.

Mas, as vezes, estou aberta
À procura de quem venha.

Que venham então os infelizes
os chorosos, os perdidos. Ou aqueles desencontrados
(com certa vontade de se encontrar ).

Que me procure os “sadios”.
(cuja a vida  se esvai entre os dedos).
Ou aqueles carregados de doenças
(que nem sabem que provocam).

Que me procurem os loucos
(mas antes digam:
que é loucura?..
que muitas vezes não sei!).

 Eu, terapeuta, confesso.
Que foi vivendo a loucura,
Entre os gritos de desespero
que descobri a vida.

Que me procurem os fingidos
que brincam de nunca ser ....
Ou aqueles que querem ser ......
E não podem.

Eu, terapeuta, confesso.
Que me vejo artista,
pinto quadros de alma
(inclusive  a minha).

Eu, terapeuta, confesso.
Que cometi pecados...
Tantos.
E foi pecando tanto
que aprendi.

Eu, terapeuta, confesso.
Que gostaria de ter
sua receita de vida,
quando você chegasse.

TUDO PRONTO!

Mas, confesso que não tenho.
Nunca acerto na medida,
por mais que olhe a cozinheira 
só aprendo ...
fazendo.

Eu, terapeuta, confesso,
que não sei o que é loucura 
( se escapei de ser internada, foi sorte!).

Por isso,
você que é louco
(ou lhe dizem, ou você acha ...)
cuidado!
Estar louco pode estar sendo
sua única possibilidade
de estar vivo!

Ou você que esta certo
de que tudo anda nos eixos,
tua vida nos trilhos certos,
cuidado!
Você pode estar morto
e nem sabe! 

Referência Bibliográfica : http://www.psicoexistencial.com.br/web/detalhes.asp?cod_menu=107&cod_tbl_texto=2106

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